domingo, 1 de novembro de 2020

🎨GALERIA VIRTUAL - INSPIRAÇÕES E TÉCNICAS 💭+📷+ ✏💻

Nesse espaço desejo apresentar algumas  reflexões sobre a interação da arte IMPRESSIONISTA e a FOTOGRAFIA, fruto de uma experiência no mundo das cores, formas, estruturas... mergulhando as técnicas de edição de imagem num nível mais sensível no ato da criação artística. 

...uma conversa sobre suas INTERAÇÕES, compartilhando o desenvolvimento dessa experiência, ao produzir uma "fotografia impressionista", em nome da arte, da criação de beleza. 

🎨 INSPIRAÇÕES E TÉCNICAS 💭+📷+ ✏💻

Veja texto completo: 


Numa pesquisa sobre arte impressionista, é interessante conhecer os modelos antecedentes (realista, neoclássico, renascentista etc), seu contexto de origem, biografia dos pintores, a repercussão na sociedade da época, sua influência dissolvida e absorvida nos movimentos subsequentes (neo-impressionismo, pontilhismo), sua contemporaneidade.


Interessante conhecer as motivações íntimas de cada artista, o olhar de cada um, o que alimentava a arte dos pintores, o que eles consumiam. Desde a arte japonesa (Hokusai) apreciada por Monet, Van Gogh e Gouguin, até os caberets parisienses frequentados por Lautrec, que chegou a morar em um... Interessante também conhecer suas relações familiares e entre si, amigos pintores... Por exemplo, a relação de amizade e parceria de Pissarro, um dos pais do impressionismo, com outros pintores como Cézanne, Seurat e Gauguin. A relação de Van Gogh com seu irmão Theo e a admiração mútua pelo trabalho de Gauguin - em meio aos dramáticos conflitos.

O impressionismo surgiu durante o advento da fotografia, que impulsionou esse questionamento aos padrões acadêmicos da arte do Realismo. A "pintura da realidade" agora era realizada pela fotografia. Assim, foi havendo um rompimento da pintura realista, e o interesse dos artistas pelos temas ligados à igreja, à nobreza ou à reprodução fiel da realidade foi substituído pelo interesse em capturar em suas telas a fugacidade da vida, o movimento, a efemeridade da luz, cenas ao ar livre, onde o quadro, em si, fosse uma obra que imprimisse a emoção particular de cada artista.

O estudo da luz, abrangido pela técnica da fotografia, é uma das principais preocupações dos artistas impressionistas. Não coincidentemente a primeira exposição dos pintores impressionistas aconteceu no estúdio de fotografia de um dos pioneiros da fotografia, Félix Nadar. Em Abril de 1874, rejeitados pela crítica, pelo Salon de Paris e pelo Salon des Refusés (Salão dos Recusados), os artistas Monet, Renoir, Pissarro, Sisley, Cézanne, Berthe Morisot e Edgar Degas apresentaram sua primeira exposição impressionista com apoio do amigo fotógrafo.


O termo "IMPRESSIONISMO" surgiu com um sentido pejorativo, originalmente, a partir da crítica a um quadro de Monet "Impression: Soleil Levant" (1872). A crítica foi feita pelo pintor e escritor Louis Leroy: "Impressão, nascer do sol, – eu bem o sabia! Pensava eu, justamente, se estou impressionado é porque há lá uma impressão. E que liberdade, que suavidade de pincel! Um papel de parede é mais elaborado que esta cena marinha." E Monet e seus amigos assim intitularam o movimento: Impressionismo.

Nas pinceladas soltas, sem contorno definido, numa imagem quase dissolvida, se vê o movimento das águas, os reflexos da luz, a fumaça do trem, o contorno indefinido do movimento das bailarinas, um conversa entre amigos num bar. Na arte impressionista é o instante que é pintado, seja o instante de um rio enevoado ou de pessoas numa praça. E a técnica da mistura de tintas dá lugar ao estudo das cores e aos efeitos ópticos, ao conhecimento científico sobre a refração da luz. Os efeitos da luz do sol sobre as cores da natureza, num determinado instante e ângulo... isso é que eram pintados!

A história mostra que as técnicas, por vezes, se mostram como barreiras. Conhecendo-as, dominando-as, pode-se criar uma forma adequada de transpô-las, de ir além das limitações, expressando, assim, de um modo particular e novo, o que se sente através da arte. Na arte não há barreiras, por isso que é Arte! Seja na música, poesia, pintura, escultura, ou na fotografia, "o transpor" é que faz sua arte ser única! Pois a ARTE ESTÁ ALÉM DA PURA TÉCNICA. Não se sabe para onde caminha a arte (sentido amplo ou restrito; expressão de uma sociedade ou pessoa), posto que é um processo rico, de contínuo experimento do conhecimento, e que se retroalimenta, sempre.




EXPERIMENTO IMPRESSIONISTA NA FOTOGRAFIA

Há mais de duas décadas, tenho me expressado - de modo intimista, através do desenho, poesia, arquitetura, pintura, arte digital (montagens e manipulação) e fotografia, essa, a qual me dedico com mais intensidade. Decorrente de um processo natural e descomprometido, porém de aprendizado cumulativo, nesse projeto particular tento expressar a fotografia como objeto de arte impressionista.

A partir da fotografia trabalho numa releitura impressionista - conceitualmente falando, onde tento deslocar o limite entre  fotografia e pintura, em nome da arte, da liberdade de expressão, da criatividade.





Nesse projeto, o tema é fotografado e a foto é trabalhada para se obter um efeito impressionista, pelo trabalho minucioso no nível dos pixels. A "pintura" então é construída não por tintas, e sim pelas luzes capturadas pela câmera, e a imagem registrada em arquivo digital será decomposta em pixels, postos em evidência, em menor ou maior grau, justapostos ou aglutinados, modificados pela sensibilidade ótica, até o ponto desejado em cada "pintura".




Interessante lembrar que Seurat, pintor neo-impressionista, capturava a imagem pela sua "câmera ocular", seu olhos, e, utilizando-se de seus conhecimentos de física, óptica e estudo das cores, decomponha as luzes em pontos de cores sobre a tela, e na visão desse pontilhismo justaposto a imagem se formava. 



No processo de criação do "quadro" a fotografia vai recebendo contínuos influxos em sua estrutura, trabalhando-se as cores, histograma, contraste, saturação, brilho, matiz, 
nitidez, pontilhamento, variação da forma/estrutura do pixel, ou de um agrupamento de pixels, dependendo da complexidade do objeto ou da luz que desejo compor para cada setor da pintura.




É possível também a criação de novo item na composição da obra, fazendo então a "pintura" dos pixels, podendo adicionar, inclusive, partes de uma outra fotografia, de forma integrada e artisticamente harmônica. Na foto acima, esse fusca não existia, por exemplo! E na foto abaixo a janela também não...


Mais Fotografias impressionistas publicadas no meu Flickr: 

PARA SABER MAIS: as idéias do impressionismo influenciaram também revoluções na música e na literatura...






===   FRANCE | PROVENCE   
=== 2018 A 2020 ===

De março de 2018 a junho de 2020, foram 27 meses que estive em missão pela Igreja Católica, através da Comunidade Católica Missionária Recado, no sul da França. Em meio às atividades cotidianas, sempre registrava minhas percepções do mundo ao meu redor, expressando a forma como o via, o sentia.


Nessas 2 imagens abaixo, durante algumas semanas, o por do sol projetava a silhueta de uma árvore na parede da Igreja de São Vicente de Paula, em Toulon. Visualizando então essa combinação de cores naturais, quase que diariamente, logo fui impulsionada a compor essa "poesia" com as "paletas de Van Gogh":



Segue abaixo a mesma parede da igreja, agora com a grade aparente, através da qual contemplava a impressão das formas projetadas na parede, que se modificavam ao longo do ano:




E passeando um pouco em um dia chuvoso pelo centro de Toulon, sempre atraía minha a atenção os pavimentos molhados, que evidenciava a beleza de suas formas, com o brilho espelhado, e também as paredes tocadas pela chuva, cintilando uma cor mais intensa, deixando seu terracota familiar mais iluminado. Nesse instante foi possível sentir de forma única uma composição de cores mais intensa, mais densa, e assim "pintei", como de fato senti esse momento:




Algumas fotografias em especial - como estas do Blog - sempre me alimentam instantaneamente com a ideia do que deveriam ser, o que viria a conseguir logo após sua modelação digital. A foto que inspirou esse trabalho foi realizada no campanário do Santuário de Nossa Senhora da Consolação em Hyères, no sul da França. A intenção da sequência de técnicas usadas, nesta vez, foi trazer uma lembrança das obras de Renoir, et voilà





Através de uma outra janela, um instante capturado com vista para a Place l'Equerre, em Toulon, num por do sol durante o outono, desvanecendo as cores em primeiro e segundo plano:



Em Châteauneuf-du-Pape, seduzida pela luz do fim de tarde, o crepúsculo ainda flamejava beleza sob o céu adornado, e a noite foi chegando com um charme jubiloso em cores. Apresento aqui não exatamente o puro registro ótico, mas verdadeiramente a expressão do que senti ao meu olhar. Praticamente uma versão bem particular da "Noite estrelada" de Van Gogh:







A devoção e a contemplação. Essa composição reflete um momento  da prática de desenho, sendo fotografado sob a mesa de forma despretensiosa, e em seguida, de súbito, a inspiração da tela: 






No verão em Le Pradet, o cair da tarde surgia com uma melodia especial, ao passar por esse carrossel sempre aos som das vozes das crianças:




Mont Faron abraça a cidade de Toulon... e em vários locais da cidade, ele  revela sua presença. Este é um ângulo que pode ser visto ao se aproximar da Gare:




Novamente ao lado da Igreja de São Vicente de Paula, desse vez, no andar superior, com vista para a estação de trêm:






Em dia de feira a Cours Lafayette cintila em cores, texturas, movimentos:






Em meio a paisagem provençal, o por do sol ilumina a paisagem e destaca as formas das ruínas de um castelo. A harmonia vespertina - sempre única, entre luz e sombra compõe a beleza maior dessa visão:




Luz e sombra, formas e texturas. No interior da Cripta da Igreja Saint Louis, no centro de Toulon, é possível contemplar através desse vitral a afluência de cores que se modificam no correr dos dias, durante o verão. Irresistível:




A Catedral de Toulon. Próxima ao porto da cidade, recebe diariamente a visita de diferentes pessoas. Ponto também de fluxo contínuo de moradores locais, pois a localização é bem no centro da cidade:




Sempre passava por essa rua de forma distraída, até que um dia ela falou comigo em tons de prosa:  










No outono, especialmente, o pôr do sol costumava projetar luzes irresistíveis nesse local, por onde eu costumava passar. Até que um dia foi inevitável, e o momento "me capturou":






Quanta textura... pedras, ferro, ramagem natural; formas, arco, retângulos, quadrículos. Uma passagem, um caminho:




A cor vai se revelando à medida que subimos a escada:



Aconchego. É o que o plano arquitetônico da região provençal nos evoca. Essa residência transmitiu essa sensação, e passando por ela, olhando-a voltando-me para trás, encontrei o ângulo perfeito: 




Minimalismo. Foi o que pensei nessa composição. A faixada dessa residência me impactou como uma audição delicada do som de um violino:



Exuberância nas próximas 2 fotos. Nas cores e na composição. É o momento que convida a ser eternizado:










 UM POUCO DE ABSTRAÇÃO NA FOTOGRAFIA IMPRESSIONISTA

Aqui apresento algumas imagens que me roubaram o olhar de um modo mais abstrato, cenas fotografadas que, de alguma forma, comunicava uma sensação mais intensa, expressando ou refletindo algo diferente a cada observação.



Inusitado. As próximas 4 fotos, são agora pinturas que registram minha visão particular do que restou da demolição de uma estrutura antiga e abandonada, numa área da cidade que está sendo revitalizada. 

Ao passar pelo local senti um impulso, onde meu olhar foi atraído por esse ângulo, por essa composição. As janelas pensas sob o céu já não são mais necessárias. O muro em ruínas e a tubulação aparente demarcam a sobreposição diagonal da foto. Destruição? Liberdade? Mudança? Transformação? Reconstrução?



Quase o cenário de um incêndio... é uma demolição, programada e controlada, de uma estrutura em arruinada. Parte inicial de um projeto de transformação do entorno. Destruir para reconstruir. Feridas expostas? Faz parte desse processo:





E dia após dia, o olhar identifica outras cores, outras formas... expondo secções detalhadas do interior funcional dos cômodos. Autoconhecimento?  






É preciso mais que ver, é preciso olhar para si, sentir... a necessidade de reconstruir.





... PROSSEGUINDO NA ABSTRAÇÃO...

Reflexos de um dia chuvoso, que normalmente seria calmo e tranquilo... Nesse dia as situações que se sucederam davam um ar frenético ao transcorrer das horas, e em meio ao movimento das ocupações, transitando sob uma bicicleta, mais uma vez o cintilar das cores pelo toque da chuva me furta o olhar, instante fotografado nessa "tela" viva:





Entrever o exterior numa tarde de inverno, nem sempre é convidativo. Mesmo assim, sempre é possível ver uma certa poesia, ressentida através de uma efêmera paleta de cores, refletida pelos raios de um sol já não tão presente. Assim  percebi esse momento:



No túnel que nos leva ao terminal viário da cidade, há um muro em tons pasteis sempre repintado pela prefeitura, e continuamente"riscado" com spray preto. Um dia percebi uma interrogação composta como uma figura geométrica, sobrepondo os riscos anteriores. E logo essa imagem reverberou intensamente no meu interior. Perguntas complexas? Dúvidas estruturais? Enfim, aquela interrogação seria eternizada em tons mais intensos, a parede revelaria mais textura e irradiaria mais cor. Assim o recompus:




Um olhar para baixo ou para o alto? A imagem seguinte seria o reflexo do sol numa poça d'água sob uma grade na calçada? Nada óbvio, na verdade... A pista está na imagem anterior. Adentrando o referido  túnel, passamos por algumas entradas de luz através do teto, entrevisto sobre as grades de ferro ao olhar para cima. Nesse momento do dia, o sol estava à pino, e mesmo dentro de um túnel ele me alcançava, ali, guiando de um ponto ao outro a transição desse  caminho. Olhar para cima, ver o sol, que tudo revela na sua presença. Quis então pintar em cores, dar texturas, expressar movimento além do que a luz me mostrava, o que ela me fazia sentir:





Um comentário:

  1. Mais fotografias impressionistas publicadas no meu Flickr:http://www.flickr.com/photos/aestevam/sets/72157631429480800/

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